Maria passou por uma transição, o impulso veio da filha. "Para mim, ele continua sendo o pai."

Há dois anos, um homem de meia-idade com barba, Marek, apertou minha mão. Hoje, cumprimento uma mulher de cabelo rosa, maquiagem impecável e expressiva, um vestido justo que realça seus seios. Suas unhas pintadas de vinho chamam a atenção. Assim como seus sapatos de salto alto.
Feminilidade a todo vapor. É Maria Minakowska. Oficialmente, com uma decisão judicial sobre o assunto.
O primeiro encontro mencionado acontece durante uma entrevista com sua filha – Sara – que sofre de anedonia.
Traduzido do grego, este termo significa literalmente "falta de prazer". É um sintoma de vários tipos de transtornos mentais nos quais o paciente não consegue obter prazer com o que costumava lhe dar prazer ou o nível de prazer experimentado é muito menor do que antes. O centro de prazer de Sarah simplesmente não funciona.
"Para mim ele ainda é pai"Agora, dois anos depois, as coisas estão melhores, embora ela ainda tenha um longo caminho a percorrer. Este ano, a menina fez seus exames finais. O que acontecerá a seguir? O tempo dirá. Primeiro, os resultados.
Sara convive diariamente com Maria. Maria, a quem ela conhece como pai há 18 anos. Um pai que a apoia, ama e se sacrifica por ela. Atualmente, uma revolução está acontecendo em suas vidas cotidianas.
— Para mim, ele ainda é meu pai. Ele só parece diferente — enfatiza o jovem de 19 anos.
Sara tem suas associações.
– Pai é uma pessoa, mãe é outra. Eu me sinto como uma mãe – tenho a maternidade em mim – mas para Sara eu sou um pai. Um pai no gênero feminino, embora ela frequentemente me chame simplesmente de "você".
As mudanças em Maria ocorrem gradualmente, ao longo de meses. Sua filha, com seu aguçado senso de observação, observa com curiosidade.
– Sara viu a mulher em mim antes mesmo que eu a visse. Eu tinha e ainda tenho uma enorme dificuldade em entender meus próprios sentimentos. Ela os lê melhor, ela me ajudou a me descobrir.
Certa vez, ele mostrou a Maria um vídeo no YouTube em que um cara se apresenta como uma garota. Ele provou que não há problema.
— Ela é incrivelmente inteligente. Vejo um abismo nela: de um lado, um intelecto incrível; de outro, um corpo que, devido à doença, não lhe dá energia, alegria, prazer — enfatiza Maria.
As expressões de gênero são muito diferentes. Maria está se desenvolvendo perfeitamente nesse papel. Sara ainda está superando as barreiras da timidez. Ela também adota algumas das roupas masculinas do pai.
- Para mim, a pessoa é importante. O gênero é secundário, ou talvez nem seja importante. Não quero me encaixar em nenhum padrão. Sou apenas eu mesma - diz a garota.
Embora não troquem peças de roupa diariamente, no início da jornada de transformação de Maria, é a filha quem a apresenta à feminilidade. Ela a ajuda a pintar as unhas ou a pintar o cabelo.
Como ele se sente em relação a isso? Ele não tem medo de perder o pai?
- Mais ou menos assim. Por um lado, me sinto mal por ele se comportar e parecer diferente. Por outro, o mais importante para mim é como ele se sente, e se ele se sente melhor assim, ele deveria ser ele mesmo. Ele me ama do mesmo jeito, independentemente da cor do cabelo.
A barba é um símboloMaria anunciou sua transição há um ano. Ela escreveu uma publicação sobre isso no Facebook. No entanto, ela ainda usa barba, que se torna uma espécie de símbolo.
– Eu não queria mais usar barba, estava atrasando minha transformação. Sarah e eu levamos dois meses e meio para nos acostumar. Por fim, minha filha finalmente aceitou que eu não teria mais barba, mas sei que ela ainda sente falta.
Maria – como ela enfatiza repetidamente em nossa conversa – quer ser uma mulher bonita e “feminina”.
– Todas as outras mudanças aconteceram muito mais rápido. Cor do cabelo, maquiagem, unhas, roupas. No começo, pensei que seria um meio-termo – uma hermafrodita. Eu estava testando até onde eu poderia ir. Minha primeira tentativa de feminilidade foram os agasalhos femininos. Eu os usava para correr, embora depois eu funcionasse como um homem. Por muito tempo, senti que "eu não tinha permissão" porque as regras sociais proibiam, todos pensariam que eu era louca e me dariam as costas.
Agora é diferente. Emoções que estavam bloqueadas há muito tempo estão encontrando uma saída. Maria não tem mais medo. Ela corajosamente dá o próximo passo de salto alto.
– Se não fosse pela Sara, eu teria sido o marido da minha esposa pelo resto da vida e nada teria acontecido. Minha filha – um tanto inconscientemente – tomou as rédeas da situação. A depressão, o divórcio, a convivência, a anedonia – tudo isso foi uma avalanche que me levou a este momento. Graças a ela, me permiti descobrir minha própria feminilidade. Ela me impulsionou e me motivou a mudar.
O tribunal confia a Maria a custódia da filha.
– De certa forma, me tornei mãe solteira de uma adolescente. Eu tinha a ideia de que, se eu pudesse, de alguma forma, substituir a mãe dela, estaria a um passo de me tornar uma mulher.
Apesar de morarem em Tarnów, que não é uma cidade grande, Maria e Sara não enfrentam o ódio. Como a adolescente admite — felizmente.
"A parte mais difícil já ficou para trás"Maria sente que todas as experiências, mesmo as difíceis, são necessárias. No fim das contas, elas a conduzem a este momento da vida. Este, o melhor – com uma sensação de liberdade, em plena feminilidade.
– Às vezes me perguntam se não tenho medo. Não. O quê? A parte mais difícil já passou. Será que eu poderia ter feito algo antes? Provavelmente teria pedido o divórcio. Mas eu sentia que o casamento era sagrado e não podia ser rompido em hipótese alguma.
Maria, olhando para trás, acha que deveria ter ouvido mais a filha. "Nossos caminhos estão se separando um pouco agora, porque nós duas estamos crescendo e amadurecendo como mulheres."
A mulher escreveu um livro sobre transição. Ela espera publicá-lo em breve. Mas isso não é tudo.
#Minakowska2030Minakowska quer concorrer à presidência em 2030. Ela publica a declaração no Facebook.
Quando escrevi que estava pronto para concorrer à presidência em 2030, não estava brincando. Tenho mais habilidades que Nawrocki, tenho a mesma idade de Duda e Trzaskowski e gostaria de atuar como aquele que conecta todos — homens e mulheres, católicos e progressistas, pessoas de Tarnów com pessoas de Varsóvia.
Eu sei o que é ser um pai lutando na justiça pela custódia de um filho e sei o que é ser uma mãe solteira lutando pela vida de uma criança. A Igreja me rejeita, mas eu não luto contra ela, apenas espero até que ela entenda seu erro e me aceite de volta, como Maria, não como Marcos. Eu sou aquela que une em vez de dividir — e esse seria o meu lema", lemos.
Como ela explica em uma entrevista de 10 de junho ao "Rzeczpospolita", ela quer entrar na corrida presidencial como alguém fora do sistema, capaz de simpatizar com todos, incluindo aqueles que votaram em Grzegorz Braun ou na extrema esquerda. "Eu costumava me identificar com a direita e, como resultado da transição, caí em um ambiente de esquerda, porque a maioria das pessoas LGBTQIA+ tem essa visão. Além disso, em minha atividade genealógica, há anos, tenho me dedicado a conectar pessoas, mostrando que somos uma grande família", lê-se no artigo de W. Ferfecki "Genealożka chce być prezydentką".
Lá, porém, ela revela que seu principal objetivo é normalizar a transgeneridade. Mostrar que se trata de algo comum que não deve ser objeto de disputas políticas. Ela disse algo semelhante três meses antes, em uma longa entrevista para a "Gazeta Wyborcza" no Dia da Mulher. Questionada por W. Szot, "que tipo de figura midiática você quer ser?", ela responde: "Uma simpática velhinha do térreo."
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Wprost